Chang pode sentir-se mais seguro nos Estados Unidos da América.
Chang pode sentir-se
mais seguro nos Estados Unidos da América.
Cyril Ramaphosa
assumiu o cargo de Presidente da África do Sul, a 15 de Fevereiro de 2018,
depois de Jacob Zuma ter sido forçado a renunciar devido a inúmeras denúncias
de corrupção e reclamações sobre as suas ligações à família Gupta, acto que
deixou o Congresso Nacional Africano (ANC) dividido. A Frelimo está igualmente
dividida sobre a dívida secreta e a corrupção generalizada que ocorreram
durante a administração de Armando Guebuza, mas até agora este partido protegeu
as pessoas envolvidas neste caso. Zuma permaneceu algum tempo em Maputo durante
a guerra de libertação do ANC e tem bons contactos na liderança da Frelimo.
A escolha de
Rudi Krause, o homem que defendeu as famílias Gupta e Zuma, como advogado de
Chang, sugere que a facção de Guebuza está à procura de apoio da facção Zuma no
ANC para pressionar politicamente e bloquear a extradição de Chang. Mas
Ramaphosa tornou-se Presidente numa plataforma anti-corrupção, por isso não
estaria disposto a ser visto em apoio aos envolvidos na dívida secreta de
Moçambique. É improvável que os tribunais sul-africanos resistam a um mandado
de prisão dos EUA. No entanto, manobras legais por um advogado hábil como
Krause e manipulação política pela facção Zuma no ANC poderiam adiar as
audiências de extradição por algum tempo - e eles podem manter Chang na África
do Sul até depois da eleição presidencial de Outubro em Moçambique.
Os EUA
perseguiram Chang porque ele é provavelmente o mais bem informado sobre as transações
financeiras em torno da dívida secreta e pode fornecer evidências contra
“peixes” maiores, incluindo, eventualmente, Guebuza. Então, os EUA vão querer
negociar um acordo com ele. Sem um entendimento, Chang poderá passar o resto da
vida na prisão nos EUA. Os dois lados vão tentar chegar a um pacto que envolva
o máximo de informações e um mínimo de punições.
Enquanto isso,
Chang tem motivos para se sentir nervoso. O último grande escândalo bancário
ocorreu entre 1995 e 2001, quando pelo menos 400 milhões de USD foram roubados
do sistema bancário. Três pessoas que se acreditavam estarem prestes a revelar
detalhes da corrupção foram mortas - o Director do antigo BCM, José Alberto de
Lima Félix; Passarinho Fumo, Gerente de uma agência de BCM, e António Siba-Siba
Macuá cua, Director de supervisão bancária do Banco de Moçambique, que foi
nomeado Presidente do Banco Austral para limpar a bagunça. Não houve processos,
mesmo de suspeitos, e os quadros seniores da Frelimo foram protegidos. Não
seria surpreendente que Chang se sentisse mais seguro nos EUA. (Joseph Hanlon)
Sem comentários: