0 Conceituado escritor Mia Couto lamenta o “policiamento à língua”
0 Conceituado escritor Mia Couto lamenta o
“policiamento à língua”
“Há um
policiamento da própria linguagem, daquilo que é uma linguagem metafórica,
poética, que parece que é uma coisa tida para os escritores, uma coisa
autorizada aos poetas e isso é terrível, porque retira das possibilidades de
linguagem a criação de beleza, a beleza não só na própria linguagem, mas a
linguagem é uma visão do mundo e, portanto, retira beleza ao mundo e, portanto,
há um empobrecimento”, considerou Mia Couto.
O escritor
moçambicano foi um dos convidados do Festival Literário Tinto no Branco, em
Viseu, e, perante centenas de pessoas falou de si, da sua família e da sua
escrita e, num diálogo aberto com Tito Couto, seu primo, acabou por lamentar o
“empobrecimento que está a acontecer na língua” a propósito do desejo do PAN de
alterar os provérbios que incluam animais numa conotação negativa.
Entre uma ou
outra brincadeira com alteração de provérbios, Mia Couto disse que tinha de
aproveitar “e matar já todos os coelhos, com uma só cajadada, antes que depois
não seja possível” e lamentou que “se empobreça a língua ainda antes de ser
dita, com os policiamentos no pensamento”.
“Há uma
interdição daquilo que se chama um pensamento socialmente ou politicamente
incorrecto e a gente não sabe bem o que é isso e isso é uma enorme limitação,
uma espécie de amputação daquilo que seria mesmo um direito de pensar errado,
um direito de evitarmos isto que é um lado puritano, uma certa invasão do lado
puritano, do lado que tenta purificar o mundo”, disse.
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